sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Felicidade não rende bons textos, felicidade não atrai atenção dos outros, consolos ou piedade.
Felicidade não rende assunto. Muito pelo contrário, pessoas felizes afastam as outras que não suportam ver a alegria alheia.
Já havia me esquecido como era ser feliz.
Não me importo em não ter nada de dramático para escrever nem de não ter um causo triste para contar.
Ser feliz vale todo o preço que se tem de pagar.

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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Eu me recrio assim, meio no desespero. Querendo acertar, fugir, escapar.
Me refaço aparentemente muito rápido, mas é só aparência mesmo. Por dentro estou em frangalhos.
Revivo, reinvento, ressuscito na base da força que as circunstâncias me impõem, que eu mesma me imponho.

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Cigarro aceso, bolsa, moça e o pouco de dignidade que restava dela se espremiam debaixo de um guarda chuva quebrado.
Não entendo por que ela não saiu logo na chuva já que estava tão molhada. A observei por minutos a fio, propositalmente andando num passo um pouco mais lento, apenas para ter o prazer de tê-la na minha frente. Andava rápido a pequenina. Passos miúdos nas poças que pareciam rios diante de suas pernas curtas. Parou debaixo de um toldo. Diminuí o passo. Ela tragou o cigarro com tanta força que achei que tossiria.
Não tossiu. Olhou para cima e soltou a fumaça, sorrindo, olhando até onde a nuvem cinza iria. Riu e fez da minha volta do trabalho o momento mais mágico do dia, mas algo ali naquele rosto, que vi apenas de relance, me disse que ela estava tão destruída quanto a sombrinha que debilmente tentava equilibrar diante das lufadas molhadas.
Quando ela voltou a andar, não me esforcei para acompanhá-la. Já havia cumprido sua missão a tal moça do guarda chuva em ruínas.

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